Manoel Santos

As raízes sertanejas

Um sertanejo forte, nordestino, negro, filho de um agricultor familiar. Manoel José dos Santosnasceu no dia 07 de abril de 1947, no município de Serra Talhada, no Sertão de Pernambuco. Ainda criança, com seis anos, já trabalhava no roçado. Manoel cursou apenas o Ensino Fundamental, pois a dificuldade de acesso à escola no campo e a escassez de políticas públicas na época, faziam com que muitos migrassem da zona rural para outras cidades em busca de oportunidades de trabalho.

As raízes sertanejas

A vida no sindicato

Em 1972, Manoel Santos ingressou na Ação Católica Rural e no Sindicato de Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras de Serra Talhada. Foi no sindicato que deu início à organização sindical, à convivência com o semiárido e à defesa de direitos dos atingidos por barragens.

Contribuiu para a fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da qual, no ano de 1983, foi primeiro secretário rural. Nessa mesma época, contribuiu para a atuação do Partido dos Trabalhadores (PT) em Pernambuco.

Em 1993, foi presidenteda Federação de Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Pernambuco – Fetape. Foi um tempo dedicado também às lutas de assalariados e assalariadas de regiões da Zona da Mata e Sertão do São Francisco.

Em 1998, foi eleito presidente da Confederação Nacional da Agricultura Familiar – Contag, onde participou da construção do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS).

A vida no sindicato

A vida parlamentar

De homem do campo a primeiro agricultor familiar a ocupar um assento parlamentar. Foram 42 anos dedicados às lutas do Movimento Sindical Rural. “Um trabalhador a serviço das lutas” foi o slogan adotado durante as campanhas em que concorreu às eleições para a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

Em 2010, no primeiro mandato, foi eleito com 42.347 votos. Foi líder da bancada do PT, vice-presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Política Rural e suplente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos. Enquanto no segundo mandato, em 2015, foi reeleito com 55.310 votos, continuou como líder da bancada do PT, foi novamente vice-presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Política Rural, suplente das Comissões de Constituição e Justiça e de Redação Final.

Em sua trajetória como deputado, conferiu o título de Capital da Agroecologia ao município de Brejo da Madre de Deus, no Agreste Central, por meio do Projeto de Lei nº 14.612/2012. Em outra iniciativa incorporou a Feira do Verde ao Calendário Oficial de Eventos do Estado, por meio do Projeto de Lei (14.613/2012).

Manteve diálogos e visitas nas comunidades rurais e com as organizações do Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais e de outros movimentos. Na Assembleia, sempre acolheu os movimentos sociais durante a realização de audiências públicas para discutir questões como a situação da seca, a reestruturação socioprodutiva da Zona da Mata, o acesso à água pelas comunidades rurais, os desafios da estiagem para o campo e a cidade.

Posse Manoel Santos

A partida

Em 2014, iniciou tratamento para um câncer no esôfago. Estava internado no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, quando não resistiu e faleceu no dia 19 de abril de 2015. Manoel Santos foi casado, teve seis filhos e três netos.

À época, o Partido dos Trabalhadores de Pernambuco (PT/PE) divulgou nota em que lamentou a perda do grande dirigente, excelente deputado e companheiro de luta.

O dia de sua morte se transformou em homenagens. O deputado estadual Doriel Barros (PT/PE), por meio de um Projeto de Lei, criou o Dia Estadual dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais. A Lei 16.694 foi sancionada em 2019 em reconhecimento à importância do trabalho de homens e mulheres rurais para a segurança alimentar e nutricional da sociedade e para o desenvolvimento econômico, político, cultural e social de Pernambuco.